Amazonas

Manaus: o imperdível Museu do Seringal Vila Paraíso (com fotos)

20 mar 2015

Vila Paraíso é um museu diferente de todos que você já viu, começando pelo jeito de chegar até ele. Não existem ruas nem estradas por perto. Apenas água e floresta cercam a construção de madeira nas margens do rio Negro, a meia hora de barco de Manaus.

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Peguei um barco de linha na Marina do Davi, em Manaus, junto com os ribeirinhos. Pouco tempo depois já não havia sinal de cidade. Alguns turistas desembarcam na Praia da Lua. Mas a maioria mora por aqui mesmo e vai ficando nos pequenos atracadouros do caminho.

Como ir ao Museu do SeringalO que ver em Manaus IIChegar por água já te coloca um pouco na pele dos trabalhadores que vinham à Amazônia há mais de 100 anos, durante o Ciclo da Borracha. A maioria nordestinos fugindo de uma das maiores secas da história, convencidos de que a riqueza dos seringais era para todos.

Daí em diante, caminhamos literalmente pela história. Construído originalmente como cenário do filme “A Selva”, de 2012, o museu recria um seringal que existiu de verdade nas margens do Rio Madeira, há 600 quilômetros de Manaus.

Museu do Seringal Vila Paraíso IIPasseios em Manaus I Os detalhes as histórias da Vila Humaitá foram contados por um jovem português que viveu entre a floresta e a casa dos patrões. Depois que partiu, ele escreveu um livro que mostrava a vida em torno dos seringais, longe dos salões de Manaus.

Na casa de aviamentos, os recém-chegados compravam os equipamentos e a comida iniciando um processo de endividamento que não acabava mais. Um sistema que chamaríamos hoje de análogo à escravidão.
O que fazer em Manaus IA guia Mari tem a história toda na ponta da língua. Mas não se contenta em falar. Mostra como os seringueiros trabalhavam e o processo de produção da farinha de mandioca, que lhes servia de alimento. Ela mesma extrai a seiva da seringueira e nos faz sentir na pele a consistência grudenta da borracha.

Como é o Museu do SeringalComo no filme, vamos passando pelos diferentes cenários. Os alojamentos precários na selva, o armazém, a capela e até a banheira onde as mulheres da casa tomavam banho.

Na casa do dono dos seringais, tudo o que o dinheiro da borracha podia comprar no início do século XX. Candelabros de prata, vasos da China, relógios suíços, piano, gramofone, roupas e charutos estão arrumados nos ambientes da sala, do quarto e da cozinha.

O que ver em Manaus IVO que ver em Manaus IIIEnquanto aqui se vivia com se não houve amanhã, as sementes da derrocada já estavam plantadas no outro lado do mundo. As primeiras mudas foram contrabandeadas por um inglês quando a corrida pela borracha mal começava.

A riqueza amazonense durou cerca de 30 anos, enquanto as seringueiras da Malásia cresciam. Em 1912, elas começaram a produzir, inundando o mercado mundial de borracha mais barata.

O autor do livro “A Selva” saiu do Brasil como quase todos os estrangeiros que vendiam a borracha. Os seringais foram abandonados.

Andar pelos cenários do Museu do Seringal é a melhor maneira de reviver esta história. E, na volta, você ainda pode parar para um banho de rio na Praia da Lua.

FOTOS: CASSIANA PIZAIA
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Como chegar ao Museu do Seringal Vila Paraíso

A maneira mais prática e barata de chegar é pegar um barco de linha na Marina do Davi. É um atracadouro simples de onde saem as lanchas da Acamdaf, uma associação de barqueiros de Manaus.

A Marina fica a um quilômetro do Hotel Tropical, na Ponta Negra. Percorri o trecho a pé mas o sol quente incomoda. Melhor ir no começo da manhã.

A passagem em barco de linha para o museu custa R$9,00 e o barco faz várias paradas no caminho. É possível descer na Praia da Lua e pegar o próximo barco para voltar à Marina. Os barqueiros da Acamdaf também levam para outros pontos turísticos, como a Reserva do Tupé e o Encontro das Águas. Os destinos que não fazem parte das linhas normais podem ser contratados mas o preço só vale a pena se você estiver em grupo.

Quando visitar o Museu do Seringal

O Museu funciona de terça a domingo, das 08h às 16h. A entrada custa R$5,00 por pessoa.

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por Cassiana Pizaia
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