Piñar del Rio| Cuba: Como ir e o que ver no surpreendente Valle de Viñales
O Valle de Viñales, em Piñar del Rio, foi a melhor surpresa e também meu maior arrependimento durante minha viagem a Cuba.
Descobri a região a oeste de Havana durante as pesquisas para montar meu roteiro. Sabia da paisagem exuberante, das plantações de tabaco, das cavernas. Mas havia tantos lugares para visitar na ilha em tão pouco tempo, que o Valle acabou espremido em uma excursão de um dia a partir de Havana.
-> O que fazer em Havana: Um roteiro pelo centro antigo
Um dia de passeio serviu para ter uma ideia geral da região. E também para dar água na boca. Se quisesse conhecer de verdade este vale, eu precisaria de pelo menos uma noite lá. Daí o arrependimento de deixar um destino para trás antes do tempo.
Viñales reúne quase todo que eu gosto em um lugar só. A paisagem bela e exótica, daquelas que existem em poucos lugares do mundo. Lugares interessantes para explorar. E um modo de vida que preserva uma história e uma tradição únicos no mundo.
O percurso de 170 quilómetros a partir de Havana ajuda a entender um pouco o interior de Cuba. Plantações de frutas, cana de açúcar, milho e tanques de peixes cercam grandes galpões de madeira. A paisagem, embora produtiva, tem um ar bucólico, com as montanhas da Sierra de los Órganos ao fundo.
A primeira parada do caminho, em um centro de visitantes na beira da estrada, é a chance para ver mais de perto as “barrigudas”. Estas curiosas árvores, com o tronco dilatado no meio, estão entre as várias espécies de palmeira que só existem nesta região de Cuba.
Em Pinar del Rio, a capital da provícia, o ônibus faz uma parada em uma fábrica de bebidas que produz a Guayabita, uma espécie de licor tradicional a base de rum e goiaba. Há também uma pequena loja de charutos.
O mais interessante, contudo, eu vi pela janela do ônibus. As ruas coloridas, com casas baixas e detalhes de arquitetura colonial de uma cidade com mais de duzentos anos. É um problema comum nas excursões, a gente acaba sempre querendo ficar um pouco mais em cada parada.
A partir de Pinar, saímos da autopista e a paisagem mudou completamente.
Gigantescas estruturas de pedra parecem brotar de repente no meio da grande planície de terra vermelha, coberta por plantações de milho e campos de tabaco recém-colhido.
Estas montanhas arredondadas, conhecidas como mongotes, são o que restou de um antigo platô de pedra calcária que cobria a região. É como se os paredões de até 300 metros de altura fossem os pilares de antigas cavernas, que permaneceram em pé depois que os rios subterrâneos erodiram as rochas, fazendo todo o resto desmoronar.
Na terra fértil que surgiu entre eles, cresce a matéria-prima dos os charutos mais famosos do mundo. Mais de oito mil pessoas vivem destas plantações. São, na maioria, pequenos proprietários que cultivam tabaco da forma tradicional. E tradição aqui significa fazer as coisas de um jeito parecido há centenas de anos.
Quando chegamos no Valle, no final de abril, a colheita tinha praticamente terminado, mas as folhas ainda estavam no campo. Elas permanecem secando por dois ou três meses em grandes galpões de madeira com telhado de palha.
Visitamos uma destas Casas de Tabaco, como são chamadas por aqui. Perto dela, um enrolador de charutos prepara um deles com as mãos, do mesmo jeito artesanal em que serão produzidos depois nas indústrias. Vários deles estão, logicamente, à venda.
A estrutura para o turismo em Viñales é simples mas eficiente. O restaurante do vale funciona diante do Mural de la Pré-história, uma obra de arte em meio de tantas atrações naturais.
A pintura a céu aberto tem mais de 50 anos, mas suas cores permanecem vivas graças à manutenção constante. A ideia do pintor cubano Leovigildo Gonzales parece captar o espírito do lugar. O mural representa a evolução da vida no Vale dos Viñales na encosta de um mongote, a estrutura de pedra mais antiga da ilha.
O percurso até aqui já era suficiente para me deixar com vontade de ficar, ou de voltar. Mas ainda tinha mais.
Tão impressionantes quanto as montanhas brotando da planície é o que existe embaixo delas. A rede de cavernas do Vale, uma das mais extensas do mundo, surgiu um processo semelhante ao que originou os mongotes.
A Cueva del Índio, a mais famosa delas, está no programa de quase todas as excursões. A partir da entrada, no meio de uma montanha,são 300 metros de caminhada entre grandes colunas de pedra, rochas de várias cores, estalactites, fendas e desenhos subterrâneos.
Terminamos o percurso navegando sobre as águas que vem escavando estas rochas há milhares de anos. O rio subterrâneo leva nossos botes até o fundo da caverna e, depois, até a saída em um grande portal de pedra.
Quase que eu não volto pra Havana.
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Serviço:
Como ir de Havana ao Valle de Viñales : Todas as agências de Havana vendem o pacote para Viñales.
Horário: Das 07h30 às 18h00 aproximadamente. Os horários dependem do hotel onde você está. Quem fica no centro pode sair mais cedo e chegar mais tarde.
Quanto custa: Paguei 59 CUCS (o equivalente a 59 dólares). Pagamento com cartão de crédito tem acréscimo de 3%.
*Atenção, uso a moeda americana como parâmetro porque o CUC costuma manter a paridade com o dólar. Mas em Cuba, todas as transações com dólar têm uma taxa de 10%. Use Euros.
De onde sai a excursão: Dos maiores hotéis, onde também funcionam as agências de turismo. Se estiver em casa particular, indique o hotel mais próximo na hora de comprar o pacote.
O QUE EU ACHEI DA EXCURSÃO:
Estrutura: Tudo funcionou perfeitamente. O ônibus é confortável e climatizado. A excursão saiu no horário (eu estava no centro), o guia era simpático e bem-informado e a programação seguiu a previsão.
O almoço no Restaurante Mural de la Prehistória é simples, mas gostoso. No dia em que estive lá, o prato principal era à base de carne porco. A única despesa extra foi na parada ainda na Autopista. Todas as outras atrações estão incluídas.
Programação: Reúne realmente o que há de mais interessante pra se visitar no vale. Mas, como todas as excursões curtas, muita coisa ficou para trás. Não há tempo, por exemplo, para conhecer melhor Pinar del Rio ou a cidade de Viñales
COMO IR AO VALLE DE VIÑALES POR CONTA PRÓPRIA:
O ônibus da Viazul tem saídas diárias de Havana para Viñales. O tempo de viagem médio é de 4 horas mas depende da linha.
Saídas: às 8h40 e 14h00
Retorno: 9h10 e 14h
Você pode comprar a passagem no terminal da Viazul ou no site da empresa.
Hospedagem: A cidade de Viñales fica dentro do vale e vários passeios guiados partem de lá. A cidade tem grande oferta de quartos em residências particulares. O valor segue a média cubana, de 25 a 30 CUCS.
FOTOS: Cassiana Pizaia
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Oi! Me passe informações sobre o tour que você fez para Viñales.
Um abraço, Bibi
Olá, Bibi
Meu tour está descrito no post. O que exatamente você precisa?
Olá pode me indicar em qual hotel comprou a excursão ?
Oi, Camila. Comprei na agência de turismo que funciona dentro do Hotel Iberostar Parque Central, em Havana. Mas há agências (todas estatais) em outros grandes hotéis e algumas na rua também. Os preços são sempre os mesmos. Obrigada pelo contato.
Oi Cassiana. Essa agência que você comprou o tour tem algum site?
Meu amigo me passou um site de uma agência que custa 50 CUC o tour e tem que pagar mais o transporte, tudo ficava quase 100 CUC e achei caríssimo. Essa sua era 59 CUC incluindo transporte Havana-Viñales, entrada nas atrações e almoço?
Obrigada.
Oi, Raíssa. Na época, o preço incluía tudo sim. Eu comprei pela Cubatur, uma das agências estatais. Mas todas as agências estatais cubanas tem o mesmo preço. Você pode entrar no site da Cubatur e pedir um orçamento atualizado por email. O site é http://www.cubatur.cu/. Abraço.
Olá Cassiana!!
Primeiramente, parabéns pelo seu blog! Parece que somos amigas…pelo jeito que você expressa suas opiniões e emoções, transmite intimidade ao leitor!Parabéns!
Vamos a Cuba de 8 a 18 de março de 2018. Somos 3 amigas acostumadas a dirigir em viagens internacionais. O que você acha de alugarmos um carro para fazer esse roteiro que você fez? As estradas são boas? Qual a sua opinião sobre essa possibilidade?
Ôpa, muito bom ouvir isso, Patrícia :).
Eu acho muito interessante descobrir Cuba de carro. As estradas são boas e com pouco trânsito. Dá pra fazer de carro quase todo o meu roteiro, com exceção de Cayo Largo, que é uma ilha com acesso apenas por avião ou barco. Vocês precisam tomar cuidado apenas com o carro que vão alugar. De maneira geral, os carros são muito antigos, anos 50 mesmo. Mas vi carros modernos em locadoras por lá. Tenha certeza de que vão alugar um desses. Também se informe com a locadora sobre a localização dos postos de combustível. Vi poucos, principalmente perto das cidades maiores. Tomara que dê certo. Abraço!
Ótimas dicas. Obrigada!