Esqui em Cerro Chapelco, San Martin de los Andes: tarifas, distâncias e dicas
Se a primeira vez a gente nunca esquece, Cerro Chapelco, em San Martin de los Andes, não decepcionou. E não foi apenas porque encarei um par de esquis e uma nevasca, com direito a boneco de neve e trenó, pela primeira vez na vida.
A escolha por Chapelco foi proposital. Queríamos esquiar sim, mas minha veia aventureira pedia mais que um centro de esqui. A ideia era aproveitar a viagem (que não é barata!) para conhecer de verdade a região mais agreste e gelada da Argentina sem a muvuca de Bariloche no inverno.
San Martin de los Andes fica na província de Neuquén, colada na Cordilheira dos Ande, no norte da Patagônia. A região tá bem distante dos grandes glaciares, mas você já encontra as paisagens e o estilo de vida da região austral sem precisar embarcar para o fim do do mundo. Conto mais sobre a cidade aqui.
Como chegar em Cerro Chapelco
O aeroporto Aviador Carlos Campos, em San Martin, é o mais próximo, mas é interessante chegar por Bariloche, que recebe um número muito maior de voos. Aproveitamos a diária de hotel para conhecer a meca do turismo de inverno da Argentina e, no dia seguinte, partimos para San Martin em carro alugado.
Há três caminhos possíveis entre Bariloche e São Martin de los Andes, um mais bonito que o outro. Nós fomos pela famosa Rota dos 7 Lagos e voltamos via Junin de los Andes. Conto tudo sobre as duas estradas neste post:
De Bariloche a San Martin de los Andes: o inverno na Rota dos 7 lagos.
O terceiro caminho pode ser acessado no início da Rota dos 7 lagos e passa pelo Paso Córdoba, no alto das montanhas, mas tem um trecho grande em estrada de terra.
Acesso ao Cerro Chapelco
Seguindo pela Rota dos 7 lagos (Ruta 234), o acesso a Cerro Chapelco fica a 20 quilômetros de San Martin. Neste ponto, toma-se a rodovia 19 e, cinco quilômetros depois, você já está no estacionamento na base da montanha.
Fizemos as indas e vindas entre a cidade e o Cerro de carro, mas dá para chegar facilmente em 20 minutos em micro-ônibus, taxi ou com o translado dos hotéis da cidade
ALUGUEL DE ESQUIS E ROUPAS
Não tem como escapar da parafernália da neve mas dá pra tentar economizar.
A loja de Chapelco aluga roupas e equipamentos com a vantagem de oferecer o serviço de guarda-esquis e guarda-botas incluso no preço. Se você locou em outro lugar, vai ter que carregar tudo. E, olha, a peleja costuma ser pior na volta, quando você está exausta e (no nosso caso) ainda tem de carregar os esquis da criançada…
Ainda assim vale a pena pesquisar os preços na cidade. A oferta é grande e a facada tende a ser menor. Na montanha, a locação do equipamento standard de esqui na média temporada custa 425 pesos. Na cidade, aluga-se até por 200 pesos.
Além desse equipamento básico ( esquis, bastões e botas), o enxoval indispensável inclui calças, casaco, luvas impermeáveis e óculos de proteção. Alugamos tudo nas lojas de San Martin, com exceção dos casacos e luvas, que trouxemos do Brasil. Os preços variam bastante. Você pode pesquisar e comparar os preços em várias lojas aqui.
Aliás, vale a pena levar luvas e casacos do Brasil. Eles serão úteis o tempo todo, não apenas quando estiver esquiando, e você gasta menos com aluguel. Nós já começamos a usar os nossos em Bariloche!
*Uma dica: Como viajei em agosto, aproveitei as promoções de final de inverno numa grande loja de produtos esportivos daqui. Levei também roupas de baixo e blusas próprios para neve (eles são mais quentes e fazem menos volume). Comprar roupa de inverno em Bariloche e San Martin só se você estiver nadando em dinheiro!
A Cabaña Luz de Luna, onde eu fiquei em São Martin de Los Andes, tinha local próprio para guardar os equipamentos. A maioria dos hotéis e pousadas também tem.
Como é o centro de esqui
Cerro Chapelco é menor que os centros de esqui mais famosos da América do Sul. São 12 meios de elevação e capacidade para atender cerca de 15 mil esquiadores por hora. Cerro Catedral, em Bariloche, por exemplo, tem 38 meios de elevação e pode receber o dobro de esquiadores.
Esquiando pela primeira vez e com duas crianças a tiracolo, confesso que achei isso uma vantagem. O principal é que o lugar é muito bem-organizado, considerado um dos melhores e mais bonitos do mundo, e tudo funciona direito.
Na base, há um bom estacionamento, a charmosa cafeteria Abuela Goye, loja, lockers, creche e bilheterias. O serviço de teleférico com cabines leva até o primeiro nível, a 1600 metros, onde fica a estrutura mais completa e a maior concentração de esquiadores da montanha.
Neste nível funciona o restaurante mais popular do Cerro, o Antulauquen, com serviço self-service razoável e cafeteria. No total, 8 restaurantes e cafeterias funcionam nos vários níveis de Chapelco.
A ladeira gelada em frente é o território dos iniciantes, das crianças da escolinha e dos adultos desajeitados tentando parar em pé sobre os esquis (presente!). Em volta, 28 pistas com vários graus de dificuldade circundam a montanha.
Mas não precisa ser expert para aproveitar o melhor de Chapelco. Dá só uma olhada:
Tirei esta foto do primeiro nível, quando ainda estava na primeira aula! As paisagens incríveis de Chapelco são os maiores atrativos desta montanha. Lá de cima, dá pra ver o vulcão Lanin, as águas do Lago Nacar, dezenas de picos nevados e encostas cobertas de florestas patagônicas. Eu ficaria horas só aproveitando esta vista!
Como é esquiar em Chapelco
Pra quem nunca esquiou, contratar pelo menos uma aula é fundamental. Você aprende os princípios básicos, ganha tempo, que aqui vale ouro, e aproveita melhor a experiência.
Foi o que fizemos no primeiro dia. Mas como a brincadeira custa caro ( veja os valores no final do post), dispensamos as aulas no segundo dia e enfrentamos as pistas fáceis com a cara e a coragem. Para as crianças, tudo tranquilíssimo. Pra mim, nem tanto, mas já consegui me aventurar um poquito más.
Pegamos o teleférico até o segundo nível. De lá, além da vista mais maravilhosa ainda, é possível descer por um caminho diferente e muito, muito divertido.
A pista, ainda em nível iniciante, passa entre os bosques de lengas , uma árvore nativa na Patagônia. Um tombinho aqui e ali faz parte da aventura, mas nada que não termine com uma boa gargalhada. Dá fácil pra levantar, sacudir a neve e seguir em frente com o vento no rosto! 😉
As pistas entre os bosques, ao lado das paisagens lindíssimas, atraem esquiadores experientes do mundo todo. E o mais legal é que você consegue aproveitar isso tudo mesmo sendo novato no esporte.
Além do esqui: passeando de trenó
No terceiro dia, já com o cartão de crédito explodindo, optamos por pagar apenas o acesso ao primeiro nível. Dia de brincar, matar a vontade de fazer um boneco de neve e passear de trenó!
Os passeios partem do Centro, e são pagos a parte. Os trenós são puxados por autênticos cães siberianos e conduzidos por funcionários especializados.
Pode parecer só brincadeira de criança, mas a verdade é que o negócio anda muuuuito rápido. A rota acelerada no meio do bosque faz subir a adrenalina toda vez que você pensa que vai dar de cara com um tronco de árvore. Parece que os cães esperam pra desviar sempre no último minuto! Ufa!
O que fazer na cidade
Apesar de pequena, com apenas 22 mil habitantes, San Martin de los Andes tem boa estrutura turística, hotéis charmosos, bons restaurantes com comida internacional e patagônica, pubs, cafeterias e oferta de passeios pela região, inclusive pelo Lago Nácar.
A cidade é uma delícia. Ver o dia começar nas margens do Lago Nácar, caminhar nas ruas tranquilas e belas, tomar sorvete e comer os chocolates artesanais são prazeres simples e deliciosos de San Martin. Veja nosso post sobre o que fazer, onde ficar e comer na cidade:
San Martin de los Andes: uma cabana, um lago e uma montanha coberta de neve
QUANTO CUSTA ESQUIAR EM CHAPELCO E COMO ECONOMIZAR
Vou dizer o óbvio: a brincadeira custa os olhos da cara em todos os centros de esqui do mundo. Mas dá pra controlar as despesas, principalmente se o esqui for apenas parte do passeio e não o objetivo único da viagem.
FAIXA ETÁRIA
Se você viaja em família, fique atento aos descontos por faixa etária. Crianças até cinco anos e idosos acima de 70 não pagam. Crianças de 6 a 11 anos, universitários de 18 a 28 anos e pessoas acima de 60 anos tem desconto de 20% em média.
ÉPOCA
A época também faz diferença. Os valores mudam por temporada. A diferença de preço entre a baixa (de 18/06 a 02/07 e 04/09 a 02/10) e a alta temporada (de 10/07 a 30/07) chega a ser de 40%. A desvantagem da baixa temporada é que você vai depender das condições do clima e pode haver pouca neve na montanha.
Eu viajei na temporada média (de 03/07 a09/07 e 31/07 a 03/09), peguei bastante neve e tarifas 20% menores que na alta temporada.
O centro funciona das 09h00 as 17h00 dependendo das condições do tempo.
Se você pretende esquiar por vários dias, vale a pena comprar o passe múltiplo. A diária vai diminuindo conforme o número de dias se você adquirir tudo de uma só vez. Mas isso só se for ficar na montanha o dia todo, o que pode ser bem cansativo principalmente para crianças.
Do passe de telecabine até o primeiro nível não dá pra escapar. Se quiser ter acesso aos outros meios de elevação, você pode escolher entre o passe para o dia inteiro ou apenas para a tarde.
Eu comprei um passe de dia inteiro, só uma tarde no segundo dia e só o acesso de tele cabine no terceiro ( neste dia fizemos o passeio de trenó). Neste caso, compensou comprar na hora mesmo.
Tarifas 2016
Na temporada média, o passe de telecabine até o primeiro nível custa 340 pesos para adulto. O passe para o dia todo custa 850 pesos e para a tarde somente, 680 pesos. Por três dias inteiros, você vai pagar 2295 pesos. Para crianças acima de 6 anos e adultos acima de 60, os valores são de 270 pesos ( telecabine), 545 pesos (tarde), 680 pesos ( dia todo) e 1835 pesos ( três dias). Veja a tabela completa de preços no site de Chapelco.
Com estes valores, é muito importante se planejar. Uma família de 4 pessoas, com duas crianças, vai pagar 4280 pesos por um dia em Cerro Chapelco, sem contar alimentação, cursos e o aluguel de roupas.
Como disse antes, um dia de curso pelo menos é muito importante para um iniciante. Mas não é barato.
Duas horas de aula particular custam de 2005 (1 aluno) a 2995 pesos (3 alunos). Se você estiver em família ou com amigos pode formar grupos de 4 a 6 pessoas e pagar um pouco menos.
Mas o mais econômico mesmo é participar de aulas coletivas. São 2375 pesos por três dias de aula (duas horas e meia em cada dia). Também é possível fazer um dia só de aula (depende da disponibilidade de vagas) e se jogar na pista, como eu fiz.
Se você fez as contas e se animou pra pra ir, a regra é encarar com bom humor o que vem pela frente. O mais importante pra quem está embarcando pela primeira vez neste universo da neve é disposição e olhos abertos para admirar a beleza da Patagônia de camarote.
FOTOS: Cassiana Pizaia
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Querida Cassiana
Muito boa suas informações sobre San Martin de Los Andes.
Adorei, parabéns pelas dicas super importantes, que são de grande valia para quem quer visitar o lugar.
Obrigado.
Sérgio Roberto.
Obrigada pelo retorno, Sergio. Abraço!
Olá,
Vou em julho. É necessário comprar com antecedência ou pode comprar na hora?
Francine, eu comprei na hora, mas dá pra comprar pelo site também. Boa viagem!
Francine, eu comprei na hora, mas é possível comprar com antecedência pelo site também. Boa viagem!
Gostaria de saber se compensa hospedar em bariloche e fazer passeio para san martim? Ou dividir os dias ficar um pouco em cada cidade?
Lais, isso depende do seu objetivo de viagem. San Martin é um destino completo. Eu, por exemplo, queria um lugar mais tranquilo e autêntico, com mais cara de Patagônia. Por isso, fiquei uma noite apenas em Bariloche e segui para San Martin. Se você preferir Bariloche, tente ficar pelo menos uma noite em San Martin. A cidade ( veja nosso post http://www.aos4ventos.com.br/san-martin-de-los-andes-o-que-fazer-onde-ficar-e-comer/) e a Rota dos Sete Lagos merecem mais do que um bate-volta ;). Abraço!